"Eu preciso te esquecer."


Nem mais uma palavra

Aos poucos fui me desfazendo de mim, me entregando, me doando e me fazendo serva de um amor que inundava o meu ser. Acreditei em doces palavras, em um bonito sorriso e um corpo nu. Mas do que valia tanta beleza, a nudez de um corpo, se o coração era feio e armado? Me cerquei de ilusões. Ainda não sei como pude ser tão ingenua, é, acho que de fato o amor nos cega. Não sei se é correto por a culpa no outro, começo a acreditar que a culpa seja de fato minha. Foram meus planos, meus ideais, meu amor, tão só e grande amor. É, todo aquele enredo de contos de fadas é falso, o sapo não vira príncipe  a princesa não é feia e torna-se bonita, não existem mudanças radicais assim. E agora me vem a pergunta, "o que é o amor"? Se o amor for essa dor que explode em meu peito, eu não quero amar, não quero coisas assim. Do que vale tantas juras, se essas nada valem? Isso é amor? São essas sensações que a tal "maré de março" nos traz? Estou agora a procura do meu outono, da minha calmaria, da brisa suave, das folhas caindo. 

Metamorfose


Tempo, tempo, tempo, tempo... Quanto tempo devo esperar para a lagarta virar borboleta e eu poder voar? Não  sei se aguento mais esperar, minhas asas estão batendo mesmo sem sair do lugar. Cores, lugares, aromas, sabores, preciso sair daqui e ver a beleza das flores. Sai do casulo pobre borboleta, voa comigo antes que o mundo nos perca. Sei que não é fácil, eu já percebi, caso não se recorde essa metamorfose eu também já vivi. Liberte-se do que te isola, está na hora de se "emborboletar", fundirei nossas asas e vamos juntas voar.

A última gota

A casa está silenciosa, só ouço o vento, meu coração e minha respiração forte (depois de tanto desaguar em lágrimas). Fecho os olhos e me recordo de alguns momentos, consigo até sentir o cheiro de várias pessoas. Escuto o riso de cada uma delas, suas respirações descompassadas, seus tons de vozes e conversas diferentes. Percebo que são momentos distintos, mas eu prefiro manter-me com os olhos fechados e relembrando momentos da minha vida. Queria poder viver assim para sempre, assim de olhos fechados e me sentindo confortavelmente acompanhada, mas tenho que abrir os olhos e tentar enxergar a realidade. No meio de tantas lágrimas, minhas vistas se embaçam ainda mais, e o meu quarto ainda me parece mais escuro que antes. Já não consigo escutar o vento, até ele já se foi.